segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Saudade (red)

Cada vez que reencontro as minhas músicas de António Variações descubro um pouco mais do que é ser um humano, identifico-me e revejo-me nas letras que parecem cada vez mais recentes... Daí que se diga que ele estava demasiado avançado para o seu tempo... Ainda hoje estará. Num tempo em que tentam fazer-nos acreditar que xutos, tonys, filhos e primos, tristes floribelas, 4tastes e afins são a música contemporânea e para as massas, gosto de me refugiar nos clássicos que tinham algo de... Como posso eu explicar se não estiveram agora a ouvir como eu... Procurem... Oiçam... Sintam... A nostalgia Alfacinha ao contemplar a cidade e a idade dos Verdes Anos de Carlos Paredes, a descoberta de um primeiro e inocente amor com a Cinderela de Carlos Paião, o estoicismo dos Vampiros de Zeca Afonso, a distância na Saudade dos Heróis do Mar, a intervenção na Tourada de Ary cantada por Fernando Tordo, o prazer pela vida em Quero é viver de António Variações, o Depois do adeus de Paulo de Carvalho, O pastor dos Madredeus, etc...

A Música é o sentimento que envolve, transporta, navega por entre os pensamentos e te devolve diferente, melhor.

"Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar"

Penso que estava na hora das editoras se começarem a preocupar em encontrar os novos e verdadeiros representantes da língua Portuguesa, os novos Variações. Compositores e intérpretes que realmente acrescentem algum valor à Música Portuguesa. Infelizmente parece que o pensamento é mais: "É p’ra manhã... Deixa lá não faças hoje".

As fórmulas funcionam e cada vez mais a massificação tende a vazar as pessoas em vez de as preencher. A rádio, televisão, publicidade servem de palas para quem aceita ser incompleto e cumprem o objectivo de quem de fato decide o que devemos ouvir. Melhor que a censura é encherem-nos com tudo o que pensamos necessitar sem tempo de olharmos em procura do que precisamos.

Saudade... Uma palavra sem tradução.

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