terça-feira, 21 de setembro de 2010

Isto não é uma mulher

Dedicação daqui, uns mamilos dali, as mãos desta com o olhar ternurento daquela, o toque de uma brisa na ponta dos dedos e uma violenta tempestade entre as pernas... Uma fidelidade infinita selada a beijos de uma boca doce e uma confiança inabalável... Aqueles dois semi-círculos firmes brilhando com o acetinado da pele... Aquele sabor viciante, aquele cheiro inebriante que inflama de desejo ardente na bonança da entrega... A cegueira na loucura da procura com aquele jovem espírito aventureiro entrelaçado na segurança e determinação madura da mulher feita.

Sou Frankenstein e o meu projecto está desenhado, mas sei que quando curto-circuitar o seu coração com o meu para a acordar, tudo o que sempre quis ter de perfeito, como no conto original, vai terminar-me como a um insecto frágil nas mãos de um elefante. Serei erguido pelo monstro cicatrizado das experiências que vivi e estraçalhado pela ignorância do que jamais poderá ser criado. De um peito de homem apenas lágrimas irão verter pela desgraça de ter criado algo que se resumiu à solidão de uma procura vazia... Um Graal... Uma possibilidade de perder-me, mas sempre de pelo menos ganhar-te imperfeita, mas aqui... Real! Onde desligo a caixa dos sonhos?