segunda-feira, 26 de abril de 2010

Primeiro impacto

O primeiro catéter...
As primeiras análises...
O primeiro soro...
O primeiro oxigénio forçado...
A primeira radiografia...
Os primeiros aerossóis...
A primeira ambulância...
O primeiro internamento...
A primeira veia falhada...
A primeira transferência...
A primeira desilusão...
A primeira batalha perdida...
O primeiro pior fim de semana da Vida...

A primeira grande prova de confiança incondicional que abalou todos os alicerces sobre os quais pensava a auto preservação assentar.

Atónito... Desarmado!

domingo, 25 de abril de 2010

Meu anjo

Deste-me uma lição de confiança, sensibilidade, simplicidade, coragem, paciência, inocência e Amor como nunca pensei ser possível com um simples olhar e aquele sorriso de que todos os adultos deviam de ter vergonha de não transportarem. Foste mais forte que eu até na voz, e no toque mais carinhoso derrotaste a minha imponência. Quero que saibas que a vida tem as suas maneiras de usar essas tuas qualidades até ao teu cansaço mas que faço intenção de te ajudar a manter o equilíbrio até à minha morte para que possas sempre, um dia mais, acreditar que existe quem mereça alguém como tu. Não deixes que invernos te digam que sonhos não existem e mantém o teu fogo sempre aceso, pois no inverno não brilha o Sol. Tu não tens de brilhar para derrotas. Cambaleaste hoje e eu percebi, mesmo os anjos caem... Mas não tu... Não comigo por perto... Prefiro vergar-me para servir-te de solo que deixar-te sem sítio onde pousares e descansares. Amanhã o meu colo será o teu ninho... Hoje descansa. Amo-te meu anjo.

sábado, 24 de abril de 2010

Entrada improvável

Encosta o indicador na testa com os olhos cerrados e sente a delicadeza do toque...
Empurra-o um pouco e sentes essa presença mais firme como fazendo-te perceber que existe e não é apenas algo subtil de passagem...
Pressiona, já começa a fazer doer a pele como de uma presença que inexplicavelmente não deveria de tentar entrar por ali...
E de um momento para o outro... Com um último empurrão forçado... Um bala atravessa a barragem.
Um impacto aligeira as rugas de expressão provocadas pelo sofrimento de sentir um dedo a ser empurrado no sentido errado. Entrou...
Navega e envolvido por líquidos e cérebro começa a tocar num novo mundo... Tem ligações às recordações... Ah aquele dia na praia... O aniversário à chuva... A adrenalina da descida... O frio daquela ponte... A mão entra pelo occipital e começa a ensopar-se nas cores da vida que foi, e sente visões tremidas como que mal focadas do que tem planeado fazer... O carro... As férias... A mulher... A casa... Palavras demasiado simples para situações que se vêem a desenrolar demasiado completas e sem caras, nomes ou marcas... Preto e branco é o futuro como um livro de colorir para crianças, parece que apenas existem linhas delimitadoras dos personagens, objectos e locais... Rodo o indicador para a direita e vejo uma montanha que não conheço mas que parece ter sido impresso deste lado das vontades por algum postal perdido num expositor de rua... Já do outro lado o polegar deixa envolver-se pelo frio de um 5 de Novembro por entre cabelos molhados e que foi o apogeu de uma idade volvida com um verdadeiro marcador de página para sempre recordar... Eu sou quem gosta de mim... Tu és quem gostarias de assim ser... Ela por entre assobios mete a mão num pão de ló envolvido em chantilly barato e creme de ovos vencido.

Engraçado

O ponto final foi colocado há algum tempo em algo que não tem lógica de existir e que se tornou demasiadas vezes incompreensivel e descontrolado, é lógico que isso terminou. O facto de sentir falta pode fazer-nos voltar a querer criar algo de novo... Diferente... Alguém compreende a amizade? De repente num acesso de orgulho alguém quer finalizar um livro já acabado e ficar com o brilho de ser quem se impôs... LOL, agora? Quando quem vergava as regras as impunha? Cómico... Mais... Hilariante... Mas fará de si alguém muito mais realizado sentir que serviu um prato que já se encontrava na mesa? Claro, o orgulho e irreverência, inocência e oportunismo existem em doses iguais.

Eh pah... Chiça, deixei-me antecipar... LOL, ok.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pontes

Amanhã à noite fui visitar aquela janela, acalmar os espasmos... Castigos a que este corpo se entrega por a minha mente o negar. Queria chegar-lhe através do vidro e mostrar-lhe o poder do que carrego desde que a vi aquela primeira vez. Como feitiço desceu do pedestal e subiu para este colo um vulto do que eu aspirava a ter, pedaços rasgados sem nome do que pintámos nas mãos um do outro... Pairou como que por dias em frente a meus olhos para poder ser adorada, enquanto largava as horas de sono para atravessar um mar interminável de tempo e sentir a perfeição do que não consigo atingir... Minuto a minuto menor era a vontade de partir de volta à terra e maior a de pegar naquela nuvem de presença e fugir para trás de um planeta longínquo para não mais ser encontrado e viver de vapores de existência.

Nessa noite fugiste... Um fantasma de volta à carne, ossos, sangue, querer e crer... Usaste os ténis para que não nos apanhassem e pela mão levaste-me a correr através de uma ria que alimentava a humanidade por uma estrada de betão e nos entregava a uma praia infinita onde a forte ondulação não abafava a correria do meu peito pela coragem do que esqueceste para nos teres. Aqueles barcos que nos vêem conhecem-te e aguardam o teu acenar para pousarem e levarem-te para um mar desconhecido onde apenas tu possas ser vista, alimentada, venerada...

Olhar

O banco de carro...
O chão de sala...
O balcão de cozinha...
A cama...
A outra cama...
A mesa...
O sofá...
A parede...
O móvel...
A janela...
O chuveiro...
O lavatório...
A porta...

Estas mãos ainda tremem pela recordação... A ponta dos dedos corre pelos locais por onde te rebolaste e de olhos selados ainda sinto o teu calor no meu peito... Vagueio pelos cantos em que buscámos o nosso prazer... A memória da química... A minha vida tocada por um anjo caído.

Esses lábios...
Essa língua...
Essa respiração...
Essa saliva...
Esse pescoço...
Essas orelhas...
Esse nariz...
Esse cabelo...

Como galopavas em cima da minha vontade de te possuir... Essas mãos ainda atravessam os pêlos do meu peito na escuridão de onde esteja... A coreografia dos corpos nos nossos sonhos reais... Como reagíamos... Os teus seios tomados pelos meus dedos de onde espreitavam arrebitados os teus mamilos para me observar...

Aquele cheiro...
Aquele toque...
Aquele sossego...
Aquela entrega...
Aquela dedicação...
Aquela vontade...
Aquela paz...
Aquela ânsia...

Estou aqui, tu comigo e a esta distância vamos tocando-nos. Não o quero mais, mas deixo ainda que a minha mão te ampare a cabeça no meio de beijos esganados por te encontrar. Amor feito a cada movimento partilhado do mesmo espaço.

O teu olhar perdido...

domingo, 11 de abril de 2010

Toca-me

O Mundo não é direito como se pensou durante muitos anos...

Nem gira o Universo em torno de nós...

O nosso planeta, dizem quem o viu de fora já depois de cálculos feitos e provadas teorias desde os tempos de Cristóvão Colombo, é algo como uma esfera. Infelizmente quem a caminha dá-lhe voltas e de vez em vez inclina-o para onde quer ou vê-se inclinado para onde não deve. Devemos tender para o futuro, para o ponto de luz e não virar o plano de quem pousa os pés junto dos nossos... Preparados, só nós não caímos, levamos tudo de arrasto com caprichos inocentes ou não, mas desequilibramos as vidas de quem nos acompanha.
Como um buraco negro que apenas se conhece pelo que absorve e não devolve, até a luz dele tenta fugir e mesmo assim não gira tudo em torno de si, é a ganância pela importância quando a ambição pela mesma daria melhor resultado.

Fui ver o final de um dia que queria fazer tender para mim e acabei com o chão a fugir-me debaixo dos pés... Nesse dia o Sol falou-me e explicou-me como os seus raios são apenas para quem os quer, "Como tal guarda os teus para quem os deseja" e antes de se despedir passou como que uma mão na minha face, um leque de feixes varreram a minha pele... Abraçou-me e desejou-me uma boa noite... "Não te esqueças... Amanhã estarei cá novamente para te tocar. Não me esqueças."

Obrigado

terça-feira, 6 de abril de 2010

War games

What brought us here? That raw desire that torments whenever we try to understand ourselves and we throw our bodies against each other?

A piece of paper floats at the whims of wind observing how the moon reflects the silver that lights that white painted face and not even the water lets herself be heard embarrassed by the greatness that took over this sand and gently lets itself be conquered, two fires lay there thirsty to consume themselves in secret on an abandoned beach illuminated by our eyes.

I want to feel the odor of your sex in mine... Your lubrication allowing me to show you what Love is... What flesh gropes the eyes show, lips relish and skin merges.

That body of desire on top of mine dominating it's prey, your hip ably dancing on me... That warm saliva running from your tongue a drying out my calm and judgment... The will to stay in control within your games of power. Your breasts were designed by the shape of my hands and fed by the hunger of my lips.

Fingertips commune freeing sparkles of what we telepathically communicate... That bust throws itself against mine on a madness frenzy, on an insanity soften by will... I feel your hardened nipples in my body and your wet pants no longer contain something as uncontrolled as your cunt... I wanna drink you... I want that juice in me.

What name shall we give this? You don't know? I do... This is all every mortal wants but it's only intended for Gods. Tonight only the both of us can drink from the cup of reverie stored in a special location you can't understand. That you won't understand.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Any lost fragment

Trying to forget the touch of your silk skin confuses my brain... Why should i try to get rid of something that makes me feel so complete and alive? Just like you say why can't this be easier, it should be solved with the flick of a switch... Now you're in front of my eyes, the next moment i don't even know you... But even then, the risk of occurring again would be tremendous... For my being to be lost within you, just the simple glimpse of your look would make me crash back down on your lap. A lost fragment of memory would reignite the lava running in my veins for your fingertips...

To free myself completely from your existence i would even need to forget my name.