quarta-feira, 31 de março de 2010

Qual a quantidade certa?

Quando deveríamos de perceber que fizemos o suposto e que o próximo passo é mesmo isso, mais um?

Ainda me sinto naquela península com 12, 13 anos... Sinto aquele frio marítimo tocar-me... O cheiro a mar aqui parece tão típico e mais forte que em qualquer outro lugar que conheça... Sempre que volto sinto-me em casa, este local para o corpo e visto superficialmente é tudo menos isso de tão inóspito que é, mas para a alma, este é o local onde repousa. Onde sem idade para tal, ela se sarou e procurou respostas dignas de maior idade, o sitio mágico que regenera, amadurece e alimenta com rocha e oceano.

Parece construído para mim... Elevou-se de uma brecha vulcânica cuspindo bombas de magma para se selar e aguardar por aquele dia. Um santuário para me abstrair da realidade que me chicoteia, um altar erguido das entranhas da crosta para uma alma penada no vazio encontrar algo... Calma... Paciência... Vontade. Tudo o que me rodeia tem um sentido e cada pedra conhece o seu caminhante. Aqui como ser, sinto-me uno com os milhões de anos que moldaram cada pedaço deste céu para mim. O meu jardim, o meu canto, o meu espaço, a minha casa.O meu coração na natureza.

terça-feira, 30 de março de 2010

Estás onde?

Estavas aqui!
Tenho a certeza de que quando abri os olhos... Tu estavas aqui! Mas estiquei o braço e não te toquei!!! Parece que por cada centímetro percorrido na tentativa de te chegar, o teu corpo fugia um metro.

Enfio a cabeça na almofada e tento despertar como com um novo acordar... Levanto um peso provocado pela ausência a que o toque me obrigou e esfrego os olhos...

Como? A tua almofada está vazia... Como está ela vazia?

Ergo-a para a explorar com o meu olfacto e tu estás aqui, como não te vejo??? Estão cabelos perdidos na textura dos tecidos que compõem a minha cama e estes dizem-me que poderás simplesmente estar noutra divisória... Sim... Claro... É isso, foste lá dentro enquanto eu dormitava...

Corro e com esta vontade de quem num terminal de autocarros procura alguém que não vê desde à muito embato com um ombro na moldura da porta que quase me derrota pela inércia... O tronco deixa-se vencer por essa resistência porque as pernas, essas, não foram impedidas de progredirem na direcção em que estás... Aqui não... Aqui também não... Aqui também não... Raios tinhas de estar aqui, se já corri todas as divisões e não te encontrei... Porquê? Não tem lógica. Será que vi mal??? Não, vi todos os cantos de todos os quartos, até dentro do guarda-fatos...

Este cheiro que aspiro do ar, eu sei o que é... Aquele teu perfume... Claro que cá estás!

-"Amor???"

És tu! Ouvi-te!... Mas de onde veio a voz?

Parece que ecoou de todo o lado, por todas as paredes, mas não vem de lado nenhum... Será possível?

"GATA ONDE ESTÁS??? DIZ-ME... NÃO TE ESCONDAS..." Gritam os pulmões em desespero por uma pista para te encontrar...

Silêncio.........................................................

Um silêncio infinito responde onde o foco dos sentidos eliminam tudo excepto a frequência da tua voz... Um avião caído aqui ao lado deste corpo, não provocaria o mínimo tremor pois não seria processado.

Ingénuo... Brincalhão... Os meandros labirinticos dos sentimentos e a incapacidade de lidar com a desilusão deixaram-te cego... Surdo... Mudo...

Olha o espelho... Esse sim, és tu...

És apenas um vegetal... Vives num coma...

Um coma induzido pela distância e ausência... Um resto cuspido frente a si próprio, enfrentando e derrotando-se pelo medo ao Amor.

Um vidente sem sina... Uma sina sem destino.

Hoje, era suposto estares comigo e não em mim.

Falsa flor

Por entre fios dorme uma falsa flor que ilumina os traços de um Éden... Uma vontade por concretizar e um suplicio de alimentar os devaneios de quem a contempla. O exotismo desse pousar, desse olhar, desse poder, rasga qualquer amarra a que te impões, mas o plástico falsifica essa imagem idílica.


Sei o que falta para a realidade se transfigurar nesse rosto... Um lírio rosa... Entrelaçado pelas mãos do Amor ao nascer do sol de um trópico distante e disponível para apenas quem toca assim... Para quem sente e utopicamente viaja de tal maneira.

Queres?

Afoga o teu desejo nos meus lábios e berra a tua vontade para dentro do meu corpo, mostra-me como me desejas, faz-me sentir tão importante como tu o és para mim... Os teus dedos na minha pele e os olhos no infinito dos meus. Faz-me sentir e dou-te o que queres, o mergulho num wormhole que te leve para lá desta dimensão de sensações. Um mergulho num sonho de criança interminável... O evaporar do teu perfume na minha pele, o meu suor escorrido nos teus dedos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Nekonecné

Um principio a meio caminho, com tendência para o infinito.

De enrolado, o corpo castigado pela realidade liberta o que escondeu nas entranhas. A incandescência da vida começa gradualmente a fazer-se ver através da posição fetal em que se protege e algo de quente que foi escondido para não se apagar, brota da caixinha triste. Um novo horizonte é o destino... E o corpo... Agora celeste, ofusca a maldade, e a escuridão em que se perde na procura de descobrir o brilho que às vezes não existe em espelhos partidos.

Nekonecné osud...

Nekonecné zivot...