terça-feira, 13 de abril de 2010

Olhar

O banco de carro...
O chão de sala...
O balcão de cozinha...
A cama...
A outra cama...
A mesa...
O sofá...
A parede...
O móvel...
A janela...
O chuveiro...
O lavatório...
A porta...

Estas mãos ainda tremem pela recordação... A ponta dos dedos corre pelos locais por onde te rebolaste e de olhos selados ainda sinto o teu calor no meu peito... Vagueio pelos cantos em que buscámos o nosso prazer... A memória da química... A minha vida tocada por um anjo caído.

Esses lábios...
Essa língua...
Essa respiração...
Essa saliva...
Esse pescoço...
Essas orelhas...
Esse nariz...
Esse cabelo...

Como galopavas em cima da minha vontade de te possuir... Essas mãos ainda atravessam os pêlos do meu peito na escuridão de onde esteja... A coreografia dos corpos nos nossos sonhos reais... Como reagíamos... Os teus seios tomados pelos meus dedos de onde espreitavam arrebitados os teus mamilos para me observar...

Aquele cheiro...
Aquele toque...
Aquele sossego...
Aquela entrega...
Aquela dedicação...
Aquela vontade...
Aquela paz...
Aquela ânsia...

Estou aqui, tu comigo e a esta distância vamos tocando-nos. Não o quero mais, mas deixo ainda que a minha mão te ampare a cabeça no meio de beijos esganados por te encontrar. Amor feito a cada movimento partilhado do mesmo espaço.

O teu olhar perdido...

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