terça-feira, 30 de março de 2010

Estás onde?

Estavas aqui!
Tenho a certeza de que quando abri os olhos... Tu estavas aqui! Mas estiquei o braço e não te toquei!!! Parece que por cada centímetro percorrido na tentativa de te chegar, o teu corpo fugia um metro.

Enfio a cabeça na almofada e tento despertar como com um novo acordar... Levanto um peso provocado pela ausência a que o toque me obrigou e esfrego os olhos...

Como? A tua almofada está vazia... Como está ela vazia?

Ergo-a para a explorar com o meu olfacto e tu estás aqui, como não te vejo??? Estão cabelos perdidos na textura dos tecidos que compõem a minha cama e estes dizem-me que poderás simplesmente estar noutra divisória... Sim... Claro... É isso, foste lá dentro enquanto eu dormitava...

Corro e com esta vontade de quem num terminal de autocarros procura alguém que não vê desde à muito embato com um ombro na moldura da porta que quase me derrota pela inércia... O tronco deixa-se vencer por essa resistência porque as pernas, essas, não foram impedidas de progredirem na direcção em que estás... Aqui não... Aqui também não... Aqui também não... Raios tinhas de estar aqui, se já corri todas as divisões e não te encontrei... Porquê? Não tem lógica. Será que vi mal??? Não, vi todos os cantos de todos os quartos, até dentro do guarda-fatos...

Este cheiro que aspiro do ar, eu sei o que é... Aquele teu perfume... Claro que cá estás!

-"Amor???"

És tu! Ouvi-te!... Mas de onde veio a voz?

Parece que ecoou de todo o lado, por todas as paredes, mas não vem de lado nenhum... Será possível?

"GATA ONDE ESTÁS??? DIZ-ME... NÃO TE ESCONDAS..." Gritam os pulmões em desespero por uma pista para te encontrar...

Silêncio.........................................................

Um silêncio infinito responde onde o foco dos sentidos eliminam tudo excepto a frequência da tua voz... Um avião caído aqui ao lado deste corpo, não provocaria o mínimo tremor pois não seria processado.

Ingénuo... Brincalhão... Os meandros labirinticos dos sentimentos e a incapacidade de lidar com a desilusão deixaram-te cego... Surdo... Mudo...

Olha o espelho... Esse sim, és tu...

És apenas um vegetal... Vives num coma...

Um coma induzido pela distância e ausência... Um resto cuspido frente a si próprio, enfrentando e derrotando-se pelo medo ao Amor.

Um vidente sem sina... Uma sina sem destino.

Hoje, era suposto estares comigo e não em mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando procuras alguem podes encontrar...toma cuidado com o k desejas pode realizar-se...;)