segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Metadona


Passaram pouco mais de 4 dias e ainda estás entranhada em mim…


Sinto o corpo ainda tremer por cada vez que me lembro de nós os dois juntos… Tão estranho… Como uma árvore retorcida sinto o meu corpo vergar-se vezes e vezes sem conta sobre si mesmo. Se pudesse só ter mais uma dose… Pequena… Uma dose sem ninguém saber… Ou então tomava um pouco menos todos os dias, sem ter de deixar de tomar-te em mim assim… Mas não dá para reduzir, ou é tudo ou nada, a forma como a tua falta se faz sentir até nas pequenas doses já me faz abalar… E tu tomas conta de mim… Assim que me deixasse cair novamente, aquecias-me, confortavas-me, deixavas-me utopicamente feliz. Sedado da realidade, criava os meus sonhos em volta daqueles riscos de céu colorido que me davas… Adormecido da realidade, alimentava-me da falta de comida e enchia-me de ti.


És a ilusão perfeita, tudo aquilo que vejo é o que não és, tudo o que penso fazer contigo é o que não fazes de mim e quando da noite se abrem os olhos fica tudo baço… És a droga que me tolda o sentido, que me apaga o caminho, que me pega no colo, que me deixa sozinho. Pouco mais de 4 dias e já me sinto a definhar por nem um cheiro te poder dar, fico pequeno, pequeno, escondidinho num canto para nem eu próprio me encontrar, para não dar parte fraca novamente e me entregar de braços abertos cegamente. Vou deixar passar mais uns minutos, uns dias, semanas, sei lá… Não sei o que aguento longe… Uma corrida tua agora nos meus sentidos acabava com toda esta ausência e sofrimento… O teu toque agora nas minhas células, escondia-me longe outra vez a dura realidade.


Um passo de cada vez… Um dia de cada vez… Se não acredito no que bom fazes por mim, que seja de vez um adeus para te esquecer e aprender a ter felicidades pintadas com verdade e não sonhos riscados de mentira.

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